A questão da verdade: Estado do espirito face ao verdadeiro

 

A questão da verdade

A verdade é a correspondência entre o conceito e a realidade. Podemos dizer que algo é verdadeiro implica a correspondência daquilo que é dito com a realidade.

Os estados de espírito perante a verdade são: ignorância, dúvida, opinião e certeza.

Ignorância – é a ausência de todo conhecimento relativamente a um enunciado. Nesse estado, a verdade de um determinado enunciado é como se não existisse; não há juízo. A ignorância pode ser: vencível ou invencível, dependendo da (im)possibilidade de fazê-la desaparecer; culpável ou inculpável conforme tivermos ou não o dever de a dominar.

Dúvida – é um estado de equilíbrio entre a afirmação e negação.  Neste estado, o espírito não adere ou porque os motivos para afirmar e negar se equilibram (dúvida positiva); ou não tem razão alguma de afirmar, nem para negar. A dúvida pode ser: metódica (cartesiana) – consiste na suspensão voluntária, fictícia ou real, mas sempre provisória, na aceitação de uma verdade tida por certa, com o fim de verificar o seu valor e céptica ou sistemática – estado definitivo do espírito relativamente a toda a verdade; é impossível legitimar as nossas verdades espontâneas que devemos ter sempre como incertas, a dúvida céptica é definitiva e é um fim.

A opinião – é a adesão receosa do espírito a afirmação ou negação de um enunciado. O espírito adere, porque razões mais graves pesam para uma parte. É estado intermediário entre a dúvida e a certeza em que já é emitido o juízo, mas inseguro. O valor da opinião depende do grau de probabilidade e dos motivos em que se baseia.

A certeza – é a adesão firme e inabalável do espírito a uma verdade conhecida, sem receio de errar. A certeza supõe, pois a manifestação completa da verdade, isto é, da conformidade do enunciado com a realidade, emitindo um juízo seguro. Esta manifestação faz-se mediante a evidência, que é o motivo e o fundamento da certeza como a probabilidade e o motivo da opinião.

Critérios da verdade

Critério – é o sinal pelo qual distinguimos uma coisa da outra; é a norma pela qual distinguimos o conhecimento verdadeiro do falso. Assim, o critério fundamental da verdade, em teoria do conhecimento é a evidência.

A evidência é a clareza com que a verdade se impõe ao nosso espírito; é uma espécie de luz que ilumina a realidade e nos permite ver aquilo que temos no espírito conforme essa mesma realidade e dai concluirmos que ela é verdadeira. Assim como a luz ilumina os corpos, a evidência ilumina a verdade. Exemplos de evidência: o fideísmo considera a fé como único critério de verdade e é valido apenas para as verdades religiosas; o pragmatismo sugere como critério de verdade a acção.

O erro: causas e remédios

Erro é a adesão firme àquilo que objectivamente é falso, mas que de ponto subjectivo, nos parece verdadeiro. O erro consiste em não saber e afirmar, julgando saber. As causas do erro podem ser duas naturezas: psicológicas e morais.

Causas psicológicas:

- a falta de atenção do espírito que interpreta mal os dados dos sentidos, estendendo a adesão além daquilo que foi apreendido. Exemplo: o homem que vê no bronze o ouro

- a vaidade que resulta da demasiada confiança na nossa pessoa;

- o interesse pelo qual preferimos aquilo que nos é favorável e que se harmoniza com os nossos objectivos;

- a preguiça intelectual, que não nos deixa questionar o valor dos nossos motivos e por isso, nos leva aceitar sem reflectir determinadas asserções ligeiramente formuladas.

- a paixão que nos impede de raciocinar correctamente, pois deixa-nos muitas vezes obcecados impossibilitando-nos de reflectir.

A reflexão profunda sobre as coisas é o único remédio do erro.

Palme Pedro

Bem-vindo(a) ao blog do Professor Palme Pedro, um profissional com mais de 10 anos de experiência no ensino secundário e apaixonado por Filosofia.

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