O Pan-africanismo enquanto filosofia política


 

O Pan-africanismo enquanto filosofia política

Na perspectiva filosófica, o Pan-africanismo pode ser entendido como uma corrente política que visa consciencializar a África sobre a necessidade de se unir como forma de se potenciar para enfrentar os desafios impostos pelos colonialistas. É, igualmente, um movimento de consciencialização do povo africano rumo à sua emancipação e autodeterminação.

O surgimento do Pan-africanismo coincide com o final de um período histórico muito triste para os africanos: o fim do comércio de escravos, e também com o começo de uma nova época igualmente triste: o colonialismo, que constitui um entrave para o desenvolvimento da África.

Neste mesmo período crescem as contradições entre as potências coloniais que ocasionam a queda do sistema.

Em 1900 realizou-se o primeiro encontro de africanos nos Estados Unidos da América que marcou o começo do fim do sistema colonial. Nesse encontro histórico, foi estruturada a ideologia necessária para unir os africanos oprimidos e escravizados num movimento mundial de revolta contra os opressores capitalistas, imperialistas, colonialistas e neo-colonialistas.

As tensões entre as potências levaram a uma nova redivisão da África entre as potências coloniais.

A situação político-econômica vivida nesse período facilitou a difusão da ideologia pan-africanista à escala mundial, o que permitiu aos africanos lutar pelas terras perdidas, pela independência e pela livre definição do seu destino.

Assim, no V Congresso pan-africano realizado em Manchester sob a presidência de Du Bois, coadjuvado por N’krumah, pede-se a independência dos países africanos. Para N’krumah é tempo de tomada de consciência de que a simples valorização das culturas não resolverá a luta que o povo negro vem conduzindo rumo à emancipação e auto-determinação dos povos africanos.

N’krumah não tinha pretensões culturais “negristas”. A maior ambição de N’krumah era a criação de um governo continental da África, dos Estados Unidos da África. A sua obra “Consciencismo” é um tratado sobre a tomada de consciência do negro para a dimensão filosófico-política. Ele escreve ainda “Africa Must Unite” que é uma análise histórica segundo a qual, se a África quer ser livre, deve unir-se. N’krumah defende que a África deve unir-se numa modalidade federal. O federalismo defenderia a África do colonialismo. Esta África unida política e economicamente visaria três objetivos fundamentais:

- Criação de uma força comum;

- uma economia com uma moeda comum;

- e uma diplomacia comum e fronteiras unidas.

Sem isso, os europeus voltarão a colonizar a África. Se a África não tiver políticas realistas, o colonialismo voltará com novas formas de colonização. N’krumah diz que se os movimentos nacionalistas se desenvolverem em África, os europeus aproveitar-se-ão das nossas diferenças para suscitar o tribalismo entre nós.

 

Na década de 1960, nasceram dois grupos: um de Monróvia (EUA) que defendia a criação dos Estados Unidos da África e outro de Casablanca (Marrocos) defendia a criação das nações e assim fundou a OUA. A OUA foi criada a 25 de Maio de 1963, em Addis Abeba Etiópia através da assinatura da sua constituição por representantes de 32 governos de países africanos independentes e que tinha os seguintes objectivos:

  • Promover a unidade e a solidariedade entre os povos africanos;
  • Coordenar e intensificar a cooperação entre os Estados africanos, no sentido de proporcionar uma vida melhor aos povos de África;
  • Erradicar todas as formas de colonialismo em África;
  • Defender a soberania, integridade territorial e independência dos Estados africanos, entre outros.

 

Palme Pedro

Bem-vindo(a) ao blog do Professor Palme Pedro, um profissional com mais de 10 anos de experiência no ensino secundário e apaixonado por Filosofia.

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